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cInzA eM SaLVaDoR

l endo o som do vento  vou caminhando pelas trilhas d’águas das ruas quase desertas sentindo cada pedacinho do meu corpo negro espraiando-se na paisagem uma imagem secular  de homens negros pescando sobre uma pedra encanta o meu olhar o sol se esconde calorosamente  por trás das nuvens o Seu Mateus Aleluia cantou: “na linha do horizonte tem um fundo cinza” é um dia nublado em Salvador  [e] sigo caminhando pela cidade  encontrando a poesia nos detalhes… luZgomeS Salvador, 19/02/2024
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eNCRuZiLHaDa dA prAçA

nos dias de carnaval  te observei para na praça do monumento  ter a sorte grande de te encontrar  naveguei por horas  no desejo do teu olhar propositadamente deixava  meu corpo roçar no teu fantasiando acariciar  os poros da tua pele tomada pela vontade de você  molhei meus lábios no rio doce da tua boca a encruzilhada abriu os caminhos para os nossos passos na noite andando lado a lado entrelaçamos  os dedos das mãos  com a intimidade do agora pousamos no teu ninho  um cenário de imagens, palavras e luzes despertou o meu interesse em te enxergar para além  do que via  mirando a cidade do alto preparei o meu corpo para te receber no interior do meu ventre ao ter você dentro de mim gozei: com a leveza…  com a ternura…  com a sedução… com a beleza dos nossos corpos negros nus…  escapando da violência cotidiana  na troca de carinho sincero… luZgomeS Salvador, 17/02/2024 para o moço bonito D’Oxum

DESAGUEI o bEIjO

o que pode um beijo de carnaval?... talvez tudo ou simplesmente nada?... ao chegar em casa na madrugada carnavalesca escutei Lauryn Hill enquanto elaborava o significado do teu beijo para mim poderia dizer que foi apenas mais um beijo entre todos os beijos que ofertei e recebi na avenida mas pra que me enganar? eu sei e você sabe que o nosso beijo foi especial um beijo desejado desde o primeiro toque das suas mãos nas minhas um beijo encantado na poética do nosso encontro nessa vida um beijo festivo no meio da negra carnavalização baiana um beijo de acontecimento na fresta das águas com a praça do poeta um beijo abençoado  pela ancestralidade dos Orixás que protegem Salvador um beijo intenso na leveza segura do meu existir em minha pele preta um beijo de êxtase na efemeridade do tempo levarei comigo o nosso beijo de carnaval  o deixarei flutuando nas águas profundas do meu ventre para quem sabe quando baiana passar noutro carnaval eu desague outros beijos em tua boca na poesia do mome

gOzO!

passaram-se dias acabou até o carnaval outros beijos ofertei e recebi na avenida Salvador está cinza mas ainda  flutuo nas águas do seu beijo percorro os (des)-caminhos da tua língua  lambo cada detalhe das tuas mãos nas minhas costas e cintura fecho os olhos e te desejo  dentro de mim  vejo-me  arranhando as tuas costas  mordendo os teus mamilos chupando os teus dedos enquanto falicamente você preenche toda a minha vulva  possuída pelo desvario do gozo grito de prazer  sentindo o pulsar acelerado do seu coração diante dos nossos corpos fundidos pelo êxtase do sentir paro e te miro olhando dentro dos seus olhos mais uma vez desemboco no mar do céu da tua boca… luZgomeS  07/02/2024 Salvador, Bahia para o moço bonito do beijo arrebatador

BeiJo

d esejei você na primeira mirada e sorri pra ti na encruzilhada da esquina naquele momento a água  serviu para refrescar  o calor do meu corpo  sob o teu olhar a cada passo um encontro nosso entre a multidão em festa sabia que o beijo rolaria sem pressa sem agonia porque eu queria o beijo aconteceu  assim, sem hora marcada  na pulsão da vida e foi: um beijo doce um beijo terno um beijo de aconchego  um beijo de dengo um beijo quente um beijo desejante um beijo gostoso um beijo sexy flutuei nas águas dos seus lábios  para encontrar (des)-caminhos no gosto da tua língua… luZgomeS  Salvador, 30/01/2024 para o moço bonito do beijo arrebatador

pOEmA eSCoNDiDo

  respirei os dias escutando a sua voz enquanto no caderno florido rabiscava as palavras caminhos... encontros... Ogum... Nanã... esquina... sexo... desejo... Wakanda... beleza... lembrança... saudade... liberdade... prazer... ancestralidade... o poema parecia enviar palavras soltas sem forma... sem delineamento... sem continuidade... me perguntei: - aonde está a poesia? na fresta da luz solar fitei teu rosto ao longe demorei-me na tua imagem contemplei o silêncio do som das tuas mãos inundada nas letras escorregadias de um poema escondido encontrei a poesia no encanto que tenho por você! luZgomeS Belém, 15/11/2023

eSQuiNa

  naquela praça qualquer o som destoava da poética negra da noite o vapor do tempo umedecia os labirintos da minha pele o banco solitário do jardim me convidou para sentar mirei ao perto a fugacidade da minha existência materializada acalmando o meu desassossego de espera o desejo de beleza pelo amor impossível se embrenhava pelas minhas estranhas causando um redemoinho dentro queria adentrar as notas da música de sedução inebriada pelas minhas emoções silenciosas escrevi versos no silêncio de mim levantei e fui para a encruzilhada do presente numa esquina toda soberba de passado diante da flecha de formosura e da espada de graciosidade segui a ternura das minhas águas profundas... luZgomeS Belém, 26 de dezembro de 2023.